"Em síntese, gostaríamos de reafirmar um conjunto de orientações para o ensino do Futebol:
• O ensino do Futebol é o ensino do jogo e, como tal, a componente táctica ocupa uma posição nuclear no quadro das exigências da modalidade. Os demais factores (técnicos, físicos ou psíquicos), devem ser abordados de forma a poderem cooperar para facultarem o acesso a níveis tácticos cada vez mais elevados.
• Deve assim cultivar-se no praticante de Futebol, e desde os primeiros momentos, uma atitude táctica permanente. Quando na posse da bola, o jogador necessita de utilizar a visão para as funções superiores de leitura do jogo (jogar de cabeça levantada).
• O desenvolvimento da capacidade de controlo da bola exige a criação de condições de exercitação que passam pela necessidade do praticante efectuar contactos frequentes e diversificados com a bola, para que se verifique uma melhoria do nível de execução.
• O desenvolvimento da extensão do campo perceptivo é um dos aspectos mais importantes na formação do jogador. Este deve saber jogar nos espaços próprio, próximo e afastado. Se o número de jogadores a referenciar num jogo fôr elevado e se a isso adicionarmos um terreno de jogo com grandes dimensões, a percepção das linhas de força do jogo torna-se mais complexa, dificultando o acesso a níveis de jogo superiores.
• Ao nível do processo ofensivo, no caso dos principiantes, se as situações de ensino e treino do Futebol não propiciarem a criação de várias ocasiões de finalização, o jogador perde de vista o objectivo central do jogo (o golo) e fixa a sua actuação quase exclusivamente ao nível do jogo de transição, o que conduz a um uso e abuso do jogo indirecto em detrimento do jogo directo.
• Ao nível do processo defensivo, sugerimos que nas fases iniciais da prática do Futebol, se utilize a defesa individual nominal. Nesta situação, cada jogador tem única e exclusivamente a responsabilidade de marcar o seu adversário directo. Quando o jogador já domina os princípios da marcação individual, somos apologistas da passagem para uma defesa do tipo individual não nominal (ou de transição individualzonal). Esta situação é já mais complexa e requer que o defensor saiba regular a sua marcação tendo como referência não apenas o seu oponente directo mas também a posição da bola, dos colegas e dos outros adversários. Dentro deste tipo de defesa surgem as situações e noções de cobertura, dobra e compensação, tão importantes para o desenvolvimento do pensamento e atitude táctica do praticante.
cobertura, equilíbrio e concentração.
• As posições por nós sustentadas conduzem à ideia de que, no ensino do Futebol, deve propôr-se ao principiante um jogo acessível, isto é, com regras ajustadas, com número de jogadores e espaço adequados, de modo a permitir a continuidade das acções, o domínio perceptivo do espaço, uma frequente participação dos jogadores e variadas possibilidades de finalização."
Retirado de artigo científico "Competências no ensino e treino de jovens futebolistas" elaborado pelo Prof. Júlio Garganta.
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