APRENDER, ANALISANDO O JOGO...
“(…) na minha perspectiva a chave do jogo voltou a estar na direita do ataque do Porto, mas com uma nuance estratégica que baralhou completamente o duplo pivot do Benfica: estando em posse de bola, principalmente quando esta estava do lado esquerdo do ataque do FC Porto, Belushi saía do raio de acção do duplo pivot do Benfica, abrindo na direita. Hulk deslocou-se nestes momentos para dentro, procurando arrastar consigo David Luiz. Como Coentrão estava “fixado” em Sapunaru, criou-se um espaço que Belushi e Hulk aproveitaram com grande eficácia. Atente-se que os golos do Porto nascem todos daí e em nenhum está Sapunaru envolvido!”
O parágrafo anterior foi retirado na minha análise ao jogo Porto 5 Benfica 0 para a Liga Portuguesa, http://www.coachcarvalhal.com/site/pt/artigos/f-c-porto-vs-s-l-benfica-chaves-do-jogo. Pois bem, na minha óptica o Benfica começa a ganhar este jogo ao resolver o problema acima referido - 1ª chave do jogo!
E como o fez? Mudando ligeiramente o seu sistema táctico! Manteve uma linha defensiva de 4; jogou com dois jogadores no centro do meio campo lado a lado, Javi mais à direita de “olho” em Moutinho e César Peixoto na esquerda, a pressionar e acompanhar todas as movimentações de Belluschi; Saviola posicionado sobre Fernando, constantemente preparado para pressionar o defesa central que Cardozo não pressionava; Gaitan na esquerda e Sálvio na direita a exercer uma forte pressão inicial sobre Sereno e Sapunaru, respectivamente.
No outro jogo (para o campeonato), fiquei com a sensação que o Porto jogou com o orgulho ferido, por ter perdido o campeonato anterior, impondo elevadas intensidade e agressividade. Nos primeiros minutos deste jogo tive a mesma sensação mas relativa aos jogadores do Benfica, e penso que conseguiram surpreender o Porto na forma pressionante e agressiva como abordaram o jogo.
A segunda chave do jogo foi o facto de o Benfica entrar a pressionar de forma intensa e bem “alto”. O Porto é uma equipa que habitualmente gosta de ter a posse da bola, e aquando da sua circulação, esta passa muito pelos defesas centrais e por Fernando. Numa primeira fase de construção do Porto, a equipa do Benfica pressionou bastante, o que intranquilizou a manutenção da posse da bola e “construção de jogo” inicial. Cardozo foi sempre um elemento muito activo, escolhendo o momento de pressão sobre um dos centrais, enquanto Saviola “guardava” Fernando. No momento do passe do central que Cardozo pressionava para o outro defesa central, Saviola saía do raio de acção de Fernando para impôr uma forte pressão no outro central. Como as linhas de passe para os laterais se encontravam nestes instantes bloqueadas (pela acção de Gaitan e Salvio), o jogo de posse do Porto perdeu “orientação” e intenção.
A segunda parte ficou marcada pela expulsão de Coentrão aos 60m. O Benfica reorganizou-se defensivamente: César Peixoto posicionou-se como defesa lateral esquerdo, Saviola (substituído pouco depois por Aimar) ficou mais perto de Javi; Salvio e Gaitan mantiveram-se nos corredores, e claro, Cardozo manteve-se como avançado na frente.
O Porto, que tinha substituído James por Rodriguez ao intervalo (passando Varela para a esquerda, Rodrigues para a direita e Hulk na frente), substituiu Belluschi por Guarin, e apesar de manter uma alternância posicional constante, ficou algum tempo com: Hulk na direita, Varela na esquerda, Rodrigues e Guarin na frente de ataque, com Fernando e Moutinho numa linha mais recuada do meio campo.
Dava a ideia de que faltava ao Porto gente na frente e que quando atacava existia “demasiado equilíbrio” para preparar a transição defensiva. Nesta fase do jogo o Porto raramente chegou com perigo à baliza de Júlio César! Verificou-se alguma precipitação na posse e consequentemente na dinâmica de jogo. Pela pouca presença dos seus defesas laterais no ataque (principalmente Sereno na esquerda), o jogo pedia desequilíbrios vindos de trás, já que os avançados não conseguiam fazê-lo, uma vez que o Benfica garantiu sempre um 2x1 defensivo sobre as unidades mais criativas do Porto.
Retirado de artigo de opinião de Carlos Carvalhal publicado no sítio http://www.coachcarvalhal.com, no dia 3-2-2011.
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